CHAMADAS PARA OS PRÓXIMOS DOSSIÊS DA ORSON:



Dossiê FICÇÃO SERIADA

O consumo de produtos e narrativas audiovisuais hoje desloca-se do tradicional lugar dessa ficção, o cinema, e dos fluxos, ficcionais ou não, oferecidos pela TV, para um espectro mais amplo, que inclui não apenas a internet como plataforma/suporte e distribuição, como o próprio processo transmidiático, do qual fazem parte cinema, TV e internet. Essa abertura proporcionou um aumento considerável na produção de ficção seriada, qualificou essas narrativas, tornou sua distribuição mais “democrática” e modificou a forma como o audiovisual é pensado. Fenômenos como as web séries de produção independente, os canais de streaming como o Netflix e as cada vez mais assimiladas ao fluxo comercial fanfics não representam apenas produtos novos, títulos originais para os quais um público cada vez mais acumulador de narrativas concomitantes voltam sua atenção, mas uma nova forma de pensar o audiovisual, produção, distribuição, estética e as práticas sociais que dele decorrem ou nele são refletidas.

A ORSON, neste sentido, organiza um dossiê que abre espaço para discussões e reflexões sobre as múltiplas facetas da ficção seriada, abrindo chamada especial para artigos, resenhas, entrevistas e relatórios de pesquisa/análises fílmicas/críticas, bem como para traduções de textos que tenham foco neste tema. Desde as web séries independentes até as séries de grande orçamento da TV ou títulos famosos do Netflix, passando por novelas, minisseriados da TV aberta e sitcoms entram neste escopo. Discussões sobre produção, produtos e recepção são parte do espectro que se pretende abarcar, bem como textos que abordem a ficção seriada pelo viés estético, narrativo e de linguagem; filosófico, social e fenomenológico; das rotinas de produção, distribuição e circulação; entre outros atravessamentos.

Submissões para o dossiê até as 23h59 de 01 de maio de 2017
Previsão de publicação: setembro de 2017



Dossiê IMAGEM DIGITAL

Durante muito tempo, o cinema sobreviveu no imaginário como sinônimo de filme ou película, cuja capacidade de resolução da imagem fotográfica ganha caráter plástico adicional. Os modos de produção relacionados ao cinema também constam nesse imaginário a partir de uma lógica – por vezes, romântica – que é engendrada pelos aparatos, insumos e pelo tempo do fazer fílmico em película, o “modo tradicional”. O vídeo, tecnologia que toma de assalto a primazia do cinema entre as imagens audiovisuais em 1960, trilhou dois rumos distintos que o afastaram das narrativas destinadas à “sala escura”: tornou-se o suporte da TV por excelência e espaço tático das experimentações e expressões da videoarte. Embora menos custoso do ponto de vista orçamentário, de tempo e logístico, o vídeo, talvez por essas duas derivações ou pelo contexto histórico, não foi tão pensado à época enquanto o fenômeno estético e narrativo que poria em cheque o cinema tradicional. Grandes e fechadas narrativas (ficcionais) ainda eram devidas e assimiladas por esse cinema feito em filme, enquanto o documentário (grande parte, em função da logística e do orçamento), a reportagem de telejornalismo, as ficções seriadas de TV e os filmes experimentais e amadores passaram a ser destinados ao vídeo, seu suporte, sua linguagem, sua estética. Essa relação entre a tecnologia, a técnica e a estética e linguagem garantiram um sentido épico aos filmes em película, ainda que pudessem ser banais e esteticamente mal elaborados, e deram ao vídeo um caráter de instantaneidade, urgência, realidade e veracidade. Essas questões começam a ser postas em discussão pela academia um pouco depois de já serem propostas por realizadores, como no caso do processo terminal de um homem em seu leito de morte ser acompanhado em filme e vídeo por Wim Wenders. Um filme para Nick (Lightning Over Water), de 1980, é uma homenagem ao cineasta e amigo de Wenders, Nicholas Ray (diretor, entre outros, de Juventude transviada [Rebel without a cause], de 1955), e propõe uma reflexão sobre as questões que envolvem a imagem (vídeo e filme), a realidade e a morte. Mais recentemente, a estética videográfica passou a figurar como uma forma irônica dentro da linguagem cinematográfica, especialmente nas produções independentes ou de baixo orçamento, trazendo de volta a questão sobre o contrato de verdade e o estatuto do real relacionado à imagem videográfica.

A imagem digital nasce nesse entremeio, primeiro como uma alternativa tecnológica ao vídeo e um suporte tanto mais barato quanto mais ágil que o cinema. As problemáticas que atravessam o aspecto técnico, logístico e orçamentário do suporte digital não são maiores que uma espécie de reiteração dos manifestos tácitos da videografia, que se atualizam em uma discussão mais aprofundada hoje entre realizadores, academia e críticos, envolvendo necessariamente narrativa, estética e linguagem. O trânsito de cineastas como Michael Haneke entre película, vídeo e digital são exemplo dessa questão posta ao cinema hoje (embora o diretor austríaco ainda deva a base de seu cinema ao analógico). O surgimento de um sem número de novos produtos e realizadores na esteira das potencialidades do formato/suporte é outra questão peculiar, que acaba também nos propondo uma discussão definitiva, que dá subsídio a este dossiê: que tipo de imagem é a digital, que discursos são atravessados nela, que novas linguagens essa imagem traz e de que forma podemos pensar o audiovisual a partir dela?

Abrindo sua proposição de organizar um dossiê temático em que se aborde o audiovisual a partir das questões técnicas, a ORSON abre chamada especial para artigos, resenhas, entrevistas e relatórios de pesquisa/análises fílmicas/críticas, bem como para traduções de textos que tenham foco neste tema. Serão avaliados textos de viés técnico e metodológico (desde que guardadas as especificidades de cada gênero textual/seção da revista, conforme normas neste site) como também aqueles relacionados à narrativa e suas assimilações pelo suporte; ao digital como linguagem e suas especificidades estéticas; às lógicas de produção, distribuição e circulação; suas relações com outros suportes e, finalmente, a novas formas de enunciação assumidas pelo audiovisual a partir do suporte digital, pressupondo dispositivos (como câmeras de celular, por exemplo), meios (como a internet) e gêneros narrativos (como web séries e videologs, como as transmissões ao vivo realizadas por jornalistas independentes), etc.

Submissões para o dossiê até as 23h59 de 01 de novembro de 2017
Previsão de publicação: dezembro de 2017